sábado, 12 de maio de 2012

Citlogia - membrana


Citologia
A fronteira das células

No mundo de hoje, é comum pensarmos em um país como sendo uma porção de terra delimitada espacialmente das demais pela presença de uma fronteira. Vamos pensar no caso do Brasil. Estamos rodeados de mar em metade do nosso território e, na outra metade, fazemos fronteira terrestre com outros nove países da América do Sul. Em suas fronteiras, todos os países instalam uma alfândega, que é uma repartição governamental de controle do movimento de entradas e saídas das pessoas e de mercadorias para o exterior ou deles provenientes.
Com as células não é diferente. Cada uma delas tem uma “área de fronteira”, representada pela membrana plasmática e, nesta área, as células também possuem o seu “posto alfandegário”, as proteínas. Assim como nas aduanas das fronteiras entre os países, essas proteínas são as responsáveis pelo reconhecimento de substâncias vindas de dentro ou de fora da célula como, por exemplo, hormônios.
O trabalho realizado por uma célula é semelhante ao que acontece em uma fábrica, como a de televisores, por exemplo. Através de portões, dá-se a entrada de diversos tipos de peças destinadas as linhas de montagem. Para a fabricação e a montagem dos aparelhos, são necessários energia e operários habilitados. É preciso, ainda, um setor de embalagem para preparar a expedição do que é produzido e uma diretoria para comandar todo o complexo fabril e manter o relacionamento com o mundo externo. Tudo dentro dos limites representados pelo muro da fábrica.



A célula possui setores semelhantes aos de uma fábrica. Um limite celular, representado pela membrana plasmática, separa o conteúdo da célula, o citoplasma, do meio externo. O citoplasma, constituído por organoides e hialoplasma (ou citosol), um material viscoso representa o setor produtivo. Um núcleo contendo o material genético representa “a diretoria” da célula.

Os limites da célula viva

            Uma célula viva é um compartimento microscópico, isolado do ambiente por pelo menos uma barreira: a membrana plasmática. Está é uma película extremamente fina e delicada, que exerce severa “fiscalização” sobre todas as substâncias e partículas que entram e saem da célula.
Dada a relativa fragilidade da membrana plasmática, a maioria das células apresenta algum tipo de envoltório que dá proteção e suporte físico à membrana. Entre esses envoltórios destacam-se o glicocálix, presente na maioria das células animais, e a parede celulósica, presente em células de plantas e de algumas algas.



Se isolássemos uma célula de nosso corpo, notaríamos que ela esta envolta por uma espécie de malha feita de moléculas de glicídios (carboidratos) frouxamente entrelaçadas. Esta malha protege a célula como uma vestimenta: trata-se do glicocálix (do grego glykys, doce, açúcar, e do latim calyx, casca envoltório).


Diversas funções têm sido sugeridas para o glicocálix. Acredita-se que, além de ser uma proteção contra agressões físicas e químicas do ambiente externo, ela funcione como uma malha de retenção de nutrientes e enzimas, mantendo um microambiente adequado ao redor de cada célula. Confere às células a capacidade de se reconhecerem, uma vez que células diferentes têm glicocálix formado por glicídios diferentes e células iguais têm glicocálix formado por glicídios iguais.

Parede celulósica

As células vegetais possuem um envoltório externo, espesso e relativamente rígido: a parede celulósica, também chamada membrana esquelética celulósica;
Constituição da parede celulósica
A parede das células vegetais é constituída por longas e resistentes microfibrilas do polissacarídeo celulose. As microfibrilas celulósicas se mantêm unidas por meio de uma matriz formada por glicoproteínas (proteínas ligadas a açucares), hemicelulose e pectina (polissacarídeos).

A estrutura molecular da parede celulósica aplica o mesmo princípio do concreto armado, no qual longas e resistentes varetas de ferro estão mergulhadas em uma argamassa de cimento e pedras.
Na parede celular, as microfibrilas de celulose correspondem às varetas de ferro do concreto, enquanto as glicoproteínas e os polissacarídeos da matriz correspondem à argamassa.

Membrana celular
(membrana plasmática ou membrana citoplasmática ou plasmalema)

            Toda a célula, seja procarionte ou eucarionte, apresenta uma membrana que isola do meio exterior: a membrana plasmática. A membrana plasmática é tão fina (entre 6 a 9 nm) que os mais aperfeiçoados microscópios ópticos não conseguiram torná-la visível. Foi somente após o desenvolvimento da microscopia eletrônica que a membrana plasmática pode ser observada. Nas grandes ampliações obtidas pelo microscópio eletrônico, cortes transversais da membrana aparecem como uma linha mais clara entre duas mais escuras, delimitando o contorno de cada célula.

Constituição química da membrana plasmática

Estudos com membranas plasmáticas isoladas revelam que seus componentes mais abundantes são fosfolipídios, colesterol e proteínas. É por isso que se costumam dizer que as membranas plasmáticas têm constituição lipoprotéica.

A organização molecular da membrana plasmática
Uma vez identificados os fosfolipídios e as proteínas como os principais componentes moleculares da membrana, os cientistas passaram a investigar como estas substâncias estavam organizadas.

 O modelo do mosaico fluído

A disposição das moléculas na membrana plasmática foi elucidada recentemente, sendo que os lipídios formam uma camada dupla e contínua, no meio da qual se encaixam moléculas de proteína. A dupla camada de fosfolipídios é fluida, de consistência oleosa, e as proteínas mudam de posição continuamente, como se fossem peças de um mosaico. Esse modelo foi sugerido por dois pesquisadores, Singer e Nicholson, e recebeu o nome de Modelo Mosaico Fluido. 
Os fosfolipídios têm a função de manter a estrutura da membrana e as proteínas têm diversas funções. As membranas plasmáticas de um eucariócitos contêm quantidade particularmente grande de colesterol. As moléculas de colesterol aumentam as propriedades da barreira da bicamada lipídica e devido a seus rígidos anéis planos de esteróides diminuem a mobilidade e torna a bicamada lipídica menos fluida.

O modelo do mosaico fluído

Funções das proteínas na membrana plasmática

 As proteínas da membrana plasmática exercem grandes variedades de funções: atuam preferencialmente nos mecanismos de transporte, organizando verdadeiros túneis que permitem a passagem de substâncias para dentro e para fora da célula, funcionam como receptores de membrana, encarregadas de receber sinais de substâncias que levam alguma mensagem para a célula, favorecem a adesão de células adjacentes em um tecido, servem como ponto de ancoragem para o citoesqueleto.
  • Proteínas de adesão: em células adjacentes, as proteínas da membrana podem aderir umas às outras.
  • Proteínas que facilitam o transporte de substâncias entre células.
  • Proteínas de reconhecimento: determinadas glicoproteínas atuam na membrana como um verdadeiro “selo marcador”, sendo identificadas especificamente por outras células.
  • Proteínas receptoras de membrana.
  • Proteínas de transporte: podem desempenhar papel na difusão facilitada, formando um canal por onde passam algumas substâncias, ou no transporte ativo, em que há gasto de energia fornecida pela substância ATP. O ATP (adenosina trifosfato) é uma molécula derivada de nucleotídeo que armazena a energia liberada nos processos bioenergéticos que ocorrem nas células (respiração aeróbia, por exemplo). Toda vez que é necessária energia para a realização de uma atividade celular (transporte ativo, por exemplo) ela é fornecida por moléculas de ATP.
  • Proteínas de ação enzimática: uma ou mais proteínas podem atuar isoladamente como enzima na membrana ou em conjunto, como se fossem parte de uma “linha de montagem” de uma determinada via metabólica.
  • Proteínas com função de ancoragem para o citoesqueleto.

Transporte pela Membrana Plasmática 

A capacidade de uma membrana de ser atravessada por algumas substâncias e não por outras define sua permeabilidade. Em uma solução, encontram-se o solvente (meio líquido dispersante) e o soluto (partícula dissolvida). Classificam-se as membranas, de acordo com a permeabilidade, em 4 tipos:
a)      Permeável: permite a passagem do solvente e do soluto;
b)      Impermeável: não permite a passagem do solvente nem do soluto;
c)      Semipermeável: permite a passagem do solvente, mas não do soluto;
d)     Seletivamente permeável: permite a passagem do solvente e de alguns tipos de soluto (membrana plasmática).
A passagem aleatória de partículas sempre ocorre de um local de maior concentração para outro de concentração menor (a favor do gradiente de concentração). Isso se dá até que a distribuição das partículas seja uniforme. A partir do momento em que o equilíbrio for atingido, as trocas de substâncias entre dois meios tornam-se proporcionais.
A passagem de substâncias através das membranas celulares envolve vários mecanismos, entre os quais podemos citar:
1.      Transporte passivo: Osmose, difusão simples e difusão facilitada.
2.      Transporte ativo: Bomba de sódio e potássio.
3.      Endocitose e exocitose: Fagocitose, pinocitose.
1.Transporte passivo - também chamado de difusão é o mecanismo de passagem natural de pequenas moléculas através da membrana plasmática que ocorre sem gasto de energia. Em outras palavras, a difusão implica em movimentos moleculares aleatórios da molécula da substância pelos espaços intermoleculares da membrana ou em combinação com proteína carreadora, sendo que a energia geradora da difusão é a energia do movimento cinético normal da matéria.
Difusão Simples Este tipo de transporte passivo é classificado como o movimento cinético molecular de moléculas ou íons através de pertuito (passagem estreita) da membrana ou dos espaços intermoleculares, sem necessidade de fixação a proteínas carreadoras (condutoras ou carregadoras) da membrana. Sua velocidade é determinada pela quantidade existente da substância a ser transportada, pela velocidade do movimento cinético e pelo número de pertuitos da membrana através dos quais a molécula ou íon pode passar.
Pode ocorrer através da membrana por dois percursos: pelo interstício (intervalo entre uma célula e outra) da bicamada lipídica ou pelos canais aquosos de algumas proteínas de transporte. No primeiro caso, o fator mais importe para determinar com que rapidez uma substância irá atravessar essa bicamada lipídica é a lipossolubilidade (dissolução em gordura) da substância.
Mesmo a água sendo extremamente insolúvel nos lipídeos da membrana, ela atravessa facilmente a membrana celular; em parte, passando de modo direto, através da bicamada lipídica e, em sua maior parte, pelas proteínas de canal. Acredita-se que as moléculas de água sejam suficientemente pequenas e que sua,energia cinética seja grande o bastante para que elas possam, simplesmente, penetrar como projéteis na parte lipídica da membrana, antes que sua característica hidrofóbica consiga detê-las.

Difusão Facilitada - Este tipo de difusão, também chamada de difusão mediada por carreadores, implica a interação das moléculas ou íons com proteína carreadora que facilita sua passagem através da membrana, provavelmente por se fixar quimicamente a ela e se deslocar, através da membrana, nessa forma fixada.

Este tipo de difusão difere da anterior (da difusão simples) por um canal aberto do seguinte modo: embora a velocidade da difusão por um canal aberto aumente na proporção direta da concentração da substância difusora, na difusão facilitada à velocidade de difusão tende a um máximo, com o aumento da concentração da substância.

Osmose - A água é de longe, a substância mais abundante que se difunde através da membrana celular. Contudo, sob certas circunstâncias, pode desenvolver-se uma diferença de concentração para a água através de uma membrana, exatamente do mesmo modo que isso pode ocorrer para outras substâncias. Quando isso acontece, ocorre realmente, movimento efetivo de água através da membrana celular, fazendo com que a célula murche ou inche, dependendo da direção desse movimento efetivo. Esse processo de movimento efetivo da água, causado por diferença de concentração da própria água, recebe o nome de osmose.

2. Transporte Ativo ocorre quando a membrana celular transfere moléculas ou íons contra um gradiente de concentração, ou contra um gradiente elétrico ou de pressão.
Dentre as diversas substtâncias são transportadas ativamente, através das membranas celulares, encontram-se os íons sódio, potássio, cálcio, ferro,hidrogênio, cloreto, iodeto, urato, diversos açúcares e grande parte dos aminoácidos.
O transporte ativo depende de protínas transportadoras, que atravessam a membrana, de modo semelhante à difusão facilitada. No entanto, no transporte ativo, a proteína transportadora funciona de modo distinto, pois ela é capaz de transferir energia para a substância transportada, com o objetivo de que possa mover-se contra o gradiente eletroquímico.
Um dos mecanismos mais conhecidos e mais estudados de transporte ativo primário é a bomba de sódio e potássio,  proceso que bombeia os íons sódio (Na+) para fora, através da membrana celular, enquanto que, ao mesmo tempo, bombeia os íons potássio (K+) de fora para dentro da célula. Essa bomba é encontrada em todas as células do organismo e é responsável pela manutenção das diferenças de concentração de sódio e de potássio através da membrana celular, além de estabelecer um potencial elétrico negativo no interior das células.
Uma das mais importantes funções da bomba Na+/K+ é a de controlar o volume das células. Sem essa função da bomba, grande parte das células iria inchar até estourar. O mecanismo para o controle de volume é o seguinte: no interior da célula existe grande número de proteínas e de outros compostos orgânicos que não podem sair dela. A maior parte desses compostos possui carga negativa e, consequentemente, eles agregam íons positivos ao seu redor. Todas essas substâncias atuam deste modo, com o propósito de gerar osmose de água para o interior da célula; caso isso não fosse impedido, a célula iria inchar até estourar. No entanto, a bomba Na+/K+ impede que isso ocorra, bombeando três íons de Na+ para o exterior da célula, enquanto bombeia dois íons K+ para o interior.


Endocitose (Fagocitose e Pinocitose) e Exocitose

Apesar do nome complicado, esses são dois processos muito comuns no nosso corpo, que ocorrem constantemente dentro de nossas células. Assim como a Difusão Simples, Facilitada e a Osmose, esses são mecanismos de transporte de moléculas do meio intracelular para o extracelular e vice e versa.
A grande diferença entre os nomes acima é o tamanho das moléculas. Os tipos de Difusão e a Osmose transportam substâncias pequenas, capazes de passar pela membrana ou pelas proteínas transportadoras. Já na Endocitose e na Exocitose, é feito o transporte de moléculas maiores ou de maiores quantidades de material.
.Endocitose -É o processo em que a célula incorpora um material para depois diferi-lo. Pode ser de dois tipos: a fagocitose e a pinocitose. O primeiro está relacionado a partículas grandes como microrganismos e é realizado por muitos organismos unicelulares e macrófagos. Já o segundo tipo está relacionado a moléculas menores dissolvidas em água, sendo realizado por quase todas as células.
O material que é incorporrado fica numa vesícula que recebe o nome de fagossomo ou pinossomo, dependendo do tipo de endocitose. Em seguida essa vesícula se funde ao lisossomo que com a ajuda de suas enzimas, digere o material. Nesse processo, chamado de heterofagia, a vesícula recebe o nome de vacúolo digestivo. Geralmente o que é incorporado pela célula por endocitose vira alimento.
Exocitose - .Depois que o material incorporado é digerido, sobram alguns resíduos que precisam ser eliminados. É justamente isso o que a exocitose faz. Esse resíduo fica numa estrutura chamada vacúolo residual. Através da exocitose ele se funde a membrana plasmática e é eliminado da célula num processo chamado clasmocitose. Existem casos em que a célula elimina secreções que atuam em outras partes do corpo de seres multicelulares.




Bibliografia
Só biologia.com.br; infoescola.com; essaseoutras.com.br.

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